Uva-japonesa

Nome científico: 
Hovenia dulcis Thunb.
Família: 
Rhamnaceae
Sinonímia científica: 
Hovenia dulcis var. latifolia Nakai ex Y. Kimura
Partes usadas: 
Semente, talo (ou pedúnculo) do fruto, folha, casca do caule.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Flavonoides (ampelopsina, taxifolina, miricetina, quercetina), saponinas triterpênicas (C2, ß-daucosterol, hovenidulciosideos, hodulosideos, hovenidulcigenina).
Propriedade terapêutica: 
Hepatoprotetora, antioxidante, antidiabética, antiobesidade, antialérgica, anticâncer
Indicação terapêutica: 
Doenças do fígado, asma, bronquite, diarreia, febre, calmante estomacal, afecções intestinais, intoxicação alcoólica.

 Esta espécie é considerada Planta Alimentícia Não Convencional.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: chinese raisin tree, japanese raisin tree
  • Alemão: japanische mahagoni, quaffbirne,
  • Espanhol: sarmiento japonés, pasa japonesa
  • Italiano: ovenia dolce

Origem, distribuição
Planta originária do Japão, China, Coréia do Norte, Coréia do Sul. Cultivada em vários países, Brasil inclusive, como árvore frutífera e ornamental.

Descrição
Árvore caducifólia, atinge geralmente de 10 a 15 m de altura, podendo atingir até 25 m no sul do Brasil. Tronco geralmente reto e cilíndrico, ramificação dicotômica, com copa globosa e ampla. Casca externa lisa a levemente fissurada.

Folhas simples, alternas, curto-pecioladas, ovadas, acuminadas, um pouco oblíquas na base. Flores hermafroditas, pequenas, branco-esverdeada a creme, numerosas, dispostas em cimeiras axilares.

O fruto é uma cápsula globosa contendo 2 a 4 sementes, preso ao pedúnculo que se torna espessado e carnoso ao madurar, com sabor doce e agradável. Semente de coloração alaranjada ou avermelhada quando recém-colhida [4].

Essa árvore exótica é considerada invasora. Cresce em áreas abertas de solos úmidos arenosos ou argilosos. Foi introduzida como ornamental no Brasil e em Santa Catarina para produção de lenha nas propriedades rurais, mas não foi aprovada pelos agricultores. 

Os frutos são muito saborosos e apreciados por aves e mamíferos, que se juntam ao redor da árvore na época em que amadurecem. É conhecida como “pé-de-galinha” em Santa Catarina. Na Serra Gaúcha é conhecida como "pau-doce" ou "uva-japonesa", tida como a mais séria invasora das matas de encosta [3].

Uso popular e medicinal [1,2,4]

Do ponto de vista etnofarmacológico H. dulcis é utilizada como diurético, antipirético e para doenças do fígado, asma, bronquite e diarreiaNa China, tanto o fruto como o pedúnculo frutífero são indicados como antifebril, laxativo, diurético e calmante estomacal. No Brasil, a casca serve no combate às afecções intestinais e o pedúnculo frutífero é reputado anti-asmático, apresentando ainda propriedade diurética.

Na medicina oriental as sementes, talo (ou pedúnculo) do fruto, folhas e casca do caule são comumente usados como remédios populares, sendo o pedúnculo de especial interesse pelo efeito contra a intoxicação alcoólica e atividades hepatoprotetora, antioxidante, antidiabética, anti-obesidade, anti-alérgica e anticâncer. Devido a essas características, este vegetal tem sido amplamente utilizado na Ásia Oriental como ingrediente de produtos naturais e de alimentos funcionais.

A indústria tem produzido suplementos alimentares a partir de extratos do pedúnculo. Uma bebida contendo tal extrato foi considerada eficaz em aliviar a ressaca induzida por etanol em ratos.

Um estudo aponta que o molho de soja contendo o extrato exibiu maiores atividade antioxidante e atividade de álcool desidrogenase (leia quadro) que as de molho normal de soja.
Álcool desidrogenase é a enzima que realiza o primeiro passo no metabolismo do álcool etílico, a oxidação do acetaldeído [5].

Compostos fenólicos e saponinas triterpênicas têm sido identificados nos extratos como os componentes bioativos responsáveis pelos efeitos na saúde. Os compostos fenólicos relatados são hovenodulinol, hovenitinas I, II e III, (+)-3,3',5',5,7-pentahidroflavanona, laricetrina, miricetina, (+)-galocatequina, dihidrocaempferol, dihidromiricetina (ampelopsina) e quercetina. As saponinas triterpênicas relatadas são saponina C2, ß-daucosterol, hovenidulciosideos A1, A2, B1, B2, hodulosideos I, III e hovenidulcigenina. 

Uma análise pelo método HPLC (traduzido em português como "cromatografia líquida de alta eficiência") detectou os 4 flavonoides ampelopsina, taxifolina, miricetina e quercetina, apontados como os principais constituintes de H. dulcis.

Ampelopsina possui atividade hepatoprotetora, inibe o relaxamento muscular induzido pelo álcool e neutraliza a intoxicação e dependência de álcool.

Taxifolina apresenta atividade antioxidante e potencial efeito quimiopreventivo pela regulação de genes via substâncias antioxidantes.

Miricetina exibe efeitos antialérgico, antioxidante e hipoglicemiante em ratos diabéticos. 

Quercetina aumenta a eficiência da 5-fluoruracila no tratamento de câncer e reduz a acumulação de gordura induzida por dieta rica em gorduras em ratos.

 Culinária [4]
Rico em sacarose, o pedúnculo é utilizado na alimentação humana. É carnoso, suculento e saboroso. Dos frutos são feitos suco, vinho, vinagre e marmelada.

Outros usos [4]
Arborização de represas. Serve de alimentação para a ictiofauna, sendo recomendada para reflorestamento ciliar de açudes. 

Ornamental. Tem valor ornamental devido a copa ampla e intensa floração. Indicada para parques e margens de rodovias, porém inadequada para arborizar ruas, devido ao tamanho das árvores.

Apícola. Tem interesse apícola, apresentando bom potencial de pólen e néctar.

Forrageira. Folhas e frutos são procurados por animais domésticos. As folhas possuem 20% de proteína e são apreciadas pelo gado durante a estiagem, principalmente na região central do Rio Grande do Sul e na Campanha.

Madeira. A indústria madeireira e moveleira da região de Caxias do Sul-RS executa plantios em pequena escala, com bons resultados. A madeira é empregada na construção civil, marcenaria, carpintaria, forro, vigas, caibros, tábuas, assoalho, moirões, tornearia fina, móveis, molduras, artesanato, objetos de adorno e laminados.

Reflorestamento ambiental. Apresenta boa deposição de folhas, auxilia no enriquecimento dos solos. Observa-se regeneração natural fraca das espécies nativas, devendo-se investigar possível efeito alelopático.

Energia. A lenha é considerada de boa qualidade. Queima-se verde no sul do Brasil para secar a erva-mate e o fumo.

 Dedicado a Sandra Raymer

 Referências

  1. Journal of Cromatocraphic Science (2016): HPLC determination of bioactive flavonoids in Hovenia dulcis fruit extracts - Acesso em 29/05/2016 
  2. Universidade Federal de Ouro Preto (2013): Atividade farmacológica do extrato hidroalcoólico de frutos de H. dulcis e da dihidromiricetina na hipercolesterolemia induzida em ratos (Dissertação de Mestrado) - Acesso em 29/05/2016
  3. Defensor da Natureza: Plantio de uma árvore coloca em perigo a Mata Atlântica - Acesso em 29/05/2016 
  4. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Florestas, 1994): Ecologia, silvicultura e usos da uva-do-japão - Acesso em 29/05/2016 
  5. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA): Metabolismo do álcool - Acesso em 29/05/2016
  6. Imagem: Flora Digital (Autor: © 2012 Daniel Grasel) - Acesso em 29/05/2016
  7. The Plant List: Hovenia dulcis - Acesso em 29/05/2016

GOOGLE IMAGES de Hovenia dulcis - Acesso em 29/05/2016