Guanxuma, vassoura

Nome científico: 
Sida rhombifolia L.
Família: 
Malvaceae
Sinonímia científica: 
Malva rhombifolia (L.) E.H.L.Krause
Partes usadas: 
Folha, raiz, semente, flor.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Efedrina, flavonoides, taninos, esteroides, resinas e triterpenoides, alcaloides, hipaforina, alcaloides indólicos.
Propriedade terapêutica: 
Emoliente, antisséptico, abortiva, anti-hipertensivo, sedativo.
Indicação terapêutica: 
Abscessos, úlceras, feridas, DST, diarreia, problemas estomacais, disenteria, asma, bronquite, dispneia, pneumonia, caspa, coceira.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: queensland hemp, sida hemp, Cuba jute, arrow-leaf sida, broom jute sida, teaweed (Reino Unido) 
  • Francês: chanvre du Queensland, herbe dure, faux thé
  • Espanhol: malva prieta

Origem, distribuição
S. rhombifolia distribui-se amplamente em quase todos os países da África tropical. Cultivada na Índia, Austrália e Américas.

Descrição
Planta perene subarbustiva ereta, com 30 a 70 cm de altura. Raiz muito desenvolvida, axial. Caule cilíndrico com pilosidade simples, estrelada, alvo-translúcida e estipulas linear-lanceoladas. Folhas simples, alternas, rômbicas ou oblongo-rômbicas, de bordos dentados e ápice obtuso, com nervura principal e secundária salientes. inflorescência em umbela ou congesta. Flores andróginas, com corola de 5 pétalas amarelas. Tubo estaminífero de 4 cm de altura, ovário súpero de 10 a 14 carpídios trigonos. Planta invasora, propaga-se exclusivamente por semente. Prefere solos ácidos e ensolarados [1]

Desenvolve-se em todo o País, instalando-se em áreas com lavouras anuais e perenes e áreas olerícolas com plantios de batata, cebola e cenoura, entre outras. Ocorre também em pomares de citros, goiaba e pêssego e cultivos de banana. Constatada como hospedeira do begomovirus. Hospeda também ácaros do gênero Brerripalpus. Planta apícola [2].

Na região amazônica esta espécie é chamada de "vassoura", "ganchuma" e "relógio"; no Pará de "malva-preta"; "vassoura" e "relógio" na Bahia; "vassourinha" em São Paulo e Rio de Janeiro; "guaxima", "malva" e "vassoura-do-campo" em Minas Gerais; "guanxuma" no Rio Grande do Sul [3].

Curiosidade
O nome comum "relógio" vem da pontualidade com que as flores se abrem e fecham diariamente.

Uso popular e medicinal
A planta tem muitas aplicações na medicina tradicional africana. A decocção das raízes e folhas é amplamente utilizada como emoliente. As folhas ou a seiva das folhas são aplicadas sobre a pele como um antisséptico e para tratar abcessos, úlceras e feridas. Raízes e folhas (ou somente essas) são utilizadas como abortivo. 

A maceração aquosa das folhas é ingerida como um agente anti-hipertensivo, como um sedativo, contra doenças sexualmente transmissíveis, para curar diarreia, problemas estomacais e disenteria. Folhas e raízes são usadas em doenças respiratórias como a asma, bronquite, dispneia e pneumonia. As flores são aplicadas a picadas de vespa ou comidas para aliviar as dores do parto. 

Nas Filipinas e na Indonésia um colar de folhas misturadas com o óleo de coco é aplicada a caspa e coceira. Na Malásia a planta tem sido utilizada para tratar a tuberculose pulmonar. Na República de Fiji (arquipélago ao sul do Oceano Pacífico) e Papua-Nova Guiné (país da Oceania) as folhas são usadas para tratar músculos tensos, dores de parto e enxaqueca. Raízes são mastigadas contra dores de dentes nos Camarões e Indonésia e contra a disenteria no Sudeste da Ásia.

As sementes contêm óleo (16,9%). As folhas e raízes contêm efedrina, substância utilizada há séculos na China no tratamento de asma e bronquite. As raízes contêm flavonoides, taninos, esteroides, resinas e triterpenoides. Em testes de toxicidade extratos aquosos mostraram ser não tóxico.

Macerações das folhas apresentaram atividade antimicrobiana contra diversas bactérias (Citrobacter, Escherichia, Klebsiella, Pseudomonas, Salmonella, Shigella e Staphylococcus). Extratos metanólicos mostraram atividade antimicrobiana contra fungos (Aspergillus, Candida, Cunninghamella) e bactérias (Pseudomonas, Staphylococcus).

Extrato etanólico das folhas e extratos aquosos das raízes mostraram atividade contra P. aeruginosa e S. aureus. Extratos de raiz mostraram propriedades significativas de cura de feridas. Em ensaio de rastreio de um extrato de folha, verificou-se atividade anticancerígena e anti-HIV em 60 linhagens de células humanas [4].

No Brasil esta planta é usada como anticatarral e emoliente (Região Amazônica). Na Mata Atlântica a decocção das folhas de uma espécie desse gênero, chamada caapiá, é usada externamente contra reumatismo. Em Minas Gerais a planta é utilizada como béquica, emoliente, tônica, anti-hemorroidal, febrífuga e estomacal. No Rio Grande do Sul serve contra desarranjo menstrual, pedras nos rins e como fortificante [3].

Toda a planta contém alcaloides, colina, pseudoesfedrian,13-fenitilamina, vascinana, entre outros. No caule são encontrados hipaforina e alcaloides indólicos [1].

 Dosagem indicada [1]

Tumores externos. As folhas, depois de maceradas, aplicar nos tumores externos [1].

Béquica, emoliente, tônica, anti-hemorroidal, febrífuga e estomacal. Preparar a planta na forma de chá, (30 g por litro), tomar 3 vezes ao dia [1].

Desarranjo menstrual, pedras nos rins, fortificante. Preparar o chá de toda a planta, na dose de três xícaras ao dia [3].

Outros usos [4]
No continente africano as fibras de S. rhombifolia são usadas para fazer redes e linha de pesca. Usam como vassoura e como vegetal (na África do Sul e América do Sul). Na Indochina as folhas torradas servem para fazer uma bebida refrescante. Como a maioria das espécies de Sida, S. rhombifolia é apreciada como uma forragem.

Na África Oriental o alcatrão da madeira é usada como um corante. As folhas servem como substituta de sabonete.

 Dedicado a Alice Fernandes Prestes Araldi (Nova Petrópolis, RS), 2015.

 Referências

  1. GRANDI, T. S. M. Tratado das Plantas Medicinais - Mineiras, Nativas e Cultivadas. Adaequatio Estúdio, Belo Horizonte. 2014.
  2. MOREIRA, H.J.C; BRAGANÇA, H. B. N. Manual de Identificação de Plantas Infestantes. FMC Agricultural Products, São Paulo (SP). 2011.
  3. STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Editora UNESP, São Paulo, 2a ed. revista e ampliada. 2002.
  4. Plant Resources of Tropical Africa (PROTA4U): Sida rhombifolia - Acesso em 23 de agosto de 2015
  5. Imagem: FMC Agricultural
  6. The Plant List: Sida rhombifolia - Acesso em 23 de agosto de 2015

GOOGLE IMAGES de Sida rhombifolia - Acesso em 23 de agosto de 2015