Aguaí, chapéu-de-napoleão

Nome científico: 
Cascabela thevetia (L.) Lippold
Família: 
Apocynaceae
Sinonímia científica: 
Thevetia peruviana (Pers.) K.Schum.
Partes usadas: 
A planta toda.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Glicosídeos cardíacos do tipo cardenolide.
Propriedade terapêutica: 
Purgante, tônico, antifúngico, febrífugo, emético, antiperiódico, abortivo,
Indicação terapêutica: 
Dor de dente, ferida, calo, úlcera, febre intermitente, picada de cobra, amenorreia, reumatismo, hidropisia, icterícia, resfriado, vermes intestinais, erupção cutânea.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: exile oleander, lucky nut, Peruvian yellow oleander, yellow oleander
  • Espanhol: campanilla, castaneto, caruache, lechero
  • Francês: noix serpent

Origem, distribuição

Provavelmente originária do México, naturalizada em toda a América tropical. Ocorre praticamente em todos os Estados do Brasil. Em algumas cidades no Estado de São Paulo árvores de aguaí ornamentam calçadas e praças.

Descrição

Arbusto perene, cresce geralmente de 3 a 8 metros de altura com um pequeno tronco, textura lenhosa, folhagem e floração ornamental e perfumada, porém muito tóxica.

As folhas são coriáceas, brilhantes, glabras e alternas, com pecíolos curtos e nervura central bem marcada, de tonalidade mais clara.

Flores bonitas, tubulares, perfumadas, dependendo da variedade são brancas, róseas, amarelas ou alaranjadas. 

O fruto é drupa, atrativo, formato subgloboso como uma castanha contendo 2 a 4 sementes grandes e venenosas. 

Nas Índias Ocidentais, as sementes são chamadas "nozes ou sementes da sorte", são levadas no bolso para trazer boa sorte. Devido ao seu formato, é comumente chamada "chapéu-de-napoleão", alusão ao chapéu usado pelo imperador Napoleão Bonaparte.

O nome "aguaí" tem origem tupi e significa "guizo" ou "cascavel" devido a associação entre a semente e a serpente. Sementes de aguaí e de outras espécies são misturadas em chocalhos, cujo som imita o guizo da cascavel. Pajés ou xamãs os usam em rituais de cura, pois acreditam que o som emite boa radiação de energia que ajuda na recuperação e reequilíbrio do organismo tratado. 

Uso popular e medicinal

Planta amplamente utilizada na medicina popular na América Central e do Sul. Nas Filipinas e Índia é remédio caseiro para várias doenças.

Todas as partes da planta produzem um látex altamente venenoso. As sementes são mais tóxicas. Sintomas de envenenamento envolvem principalmente o sistema cardiovascular, incluindo vários tipos de arritmia como bradicardia sinusal (batimentos cardíacos lentos) e o trato gastrointestinal. 

Os principais compostos ativos encontrados na planta são uma variedade de glicosídeos cardíacos. Destes, o peruvosídeo foi investigado de forma mais completa. Foi demonstrado que exerce um efeito inotrópico positivo rápido e poderoso comparável ao da ouabaína (glicosídeo cardiotônico, inibidor da Na+/K+-ATPase, utilizada no tratamento de insuficiência cardíaca.).

Em doses terapêuticas, o peruvosídeo produziu uma queda na pressão do átrio direito e um aumento no débito cardíaco. Ensaios clínicos com 1.600 pacientes mostraram que todas as formas de insuficiência cardíaca podem ser tratadas com sucesso com peruvosídeo. 

O óleo puro da castanha mostrou forte atividade bactericida em testes, especialmente contra Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus.

Uma variedade de glicosídeos de flavanona e flavonóis foram isolados das folhas. 

O látex é aplicado em dentes cariados para aliviar dores de dente, tratar feridas, úlceras crônicas e amolecer calos.

A casca é um poderoso antiperiódico (combate febres intermitentes). A tintura da casca tem sido usada como febrífugo. Em grandes doses, é considerada purgante violento e emético. Serve também no tratamento de febre malárica e picadas de cobra.

Aplicado externamente, o suco da casca macerada é usado no tratamento de feridas.

Uma decocção da casca ou das folhas é aplicada em doses reguladas para soltar os intestinos, como um emético. Considerada eficaz para febres intermitentes. A água na qual as folhas e a casca são maceradas serve para curar a amenorreia.

As sementes podem ser usadas como purgante no tratamento de reumatismo, hidropisia e como abortivo.

O óleo da castanha é aplicado topicamente para tratar problemas de pele. Existem relatórios de seu uso como um abortivo. 

Quantidades muito pequenas das frutas são usadas em unguentos e linimentos. 

Uma decocção das folhas é feita para tratar icterícia, febre e como purgante para vermes intestinais. 

A seiva da folha é colocada nas narinas para reanimar pessoas de desmaio e cura de resfriados. [1]

Embora venenosa se consumida por si mesma, C. thevetia é considerada eficaz em preparações para infecções oculares, febre, hanseníase e hemorroidas. 

Preparações da casca são utilizadas para febres, queimaduras, vermes de anel e erupções cutâneas. 

Casca e sementes são usadas como purgante e tônico cardíaco. 

O extrato de folhas esmagadas é misturado com água e cozido com azeite de oliva até que toda a água evapore. O óleo resultante serve para aliviar dores nas juntas e tratar disturbios da pele.

A pasta da raiz cozida com óleo de mostarda forma uma pomada para curar problemas de pele. Misturada com água, é aplicada como um antifúngico na pele para eliminar infecções. [2]

Sementes de aguaí e a filosofia oriental [4]

Sementes de aguaí são valorizadas por adeptos da filosofia oriental, reiki ("a cura pelas mãos") e medicina tradicional chinesa. Eles se apoiam nos hábitos e conhecimentos de povos indígenas, que usavam colares de sementes para se embrenhar na mata. Tais colares tinham efeito de proteger os índios de animais peçonhentos e dar-lhes força.

Afirmam que a semente emite uma vibração contínua que protege o homem contra doenças e lhe devolve o bem-estar físico e equilíbrio psíquico, pois contém substâncias que fortalecem o movimento de contração do coração no batimento cardíaco, tornando-o ritmado, resultando em uma contração mais lenta, porém mais forte. Alertam que a semente é tóxica e não deve ser ingerida, sob risco de provocar parada cardíaca. O uso recomendado é externo, na forma de um colar: em contato constante com a pele, as sementes emitem uma energia positiva contra doenças alérgicas, renais, rinites e asma.

Análises químicas comprovaram que as sementes contém substâncias cardiotônicas (conferem energia e força ao coração) denominadas thevetina-A e thevetina-B, análogas à digitoxina e digoxina encontradas em Digitalis purpurea (Plantaginaceae conhecida por "dedaleira" ou "campainha"). São bem conhecidos os medicamentos digitálicos (ou cardioglicosídeos), usados na medicina para tratar a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e problemas de ritmo cardíaco (arritmias atriais). A dose para obter o efeito terapêutico da digitoxina é cerca de 70% da dose tóxica, portanto a administração deve ser muito cuidadosa. 

A forma de usar as sementes é importante. Segundo a medicina tradicional chinesa, as sementes femininas emitem a energia yin enquanto as masculinas emitem energia yang. Para obter o equilíbrio, as sementes não devem ser usadas aleatoriamente, mas juntas formando o par "macho-fêmea".

 Colaboração: Danilo Peixoto (Campinas, SP)

 Referências

  1. Tropical Plants Database (Ken Fern): Thevetia peruviana - Acesso em 15 de novembro de 2020
  2. Plazi: Cascabela thevetia - Acesso em 15 de novembro de 2020
  3. Instituto Superior de Agronomia (ISA, Universidade de Lisboa): Cascabela thevetia - Acesso em 15 de novembro de 2020
  4. Aguai (compilação de textos e imagens): planta interessante com muitos poderes - Acesso em 15 de novembro de 2020
  5. Image: Wikimedia Commons (Author: Forest & Kim Starr) - Acesso em 15 de novembro de 2020
  6. The Plant List: Cascabela thevetia - Acesso em 15 de novembro de 2020

GOOGLE IMAGES de Cascabela thevetia - Acesso em 15 de novembro de 2020